Pintura de Jorge Vilaça
Tinha regressado de um habitual passeio à praça Móricz. Apesar do frio intenso que se fazia sentir, ainda não tinha nevado em Budapeste. Era agradável vaguear pela praça. Juntava-se ali muito povo à espera das transvias. Nas horas livres saía para conhecer a cidade, misturando-me com as gentes de lá. Tudo era diferente e curioso. Senti pela primeira vez saudades da minha terra e dos sabores a que, enquanto menino, me habituara. Antes de regressar ao colégio, carregou-se-me um líbido emocionalmente forte com memórias de infância. Comprei duas batatas e óleo para fritar. Fui direto para a cozinha comunitária do Instituto, onde então cursava. Descasquei as batatas, verti o óleo num tachinho, adicionei os palitos à fritura ainda morna e fiquei a aguardar a magia acontecer. O resultado foi uma verdadeira catástrofe. Ao meu lado estava Jamal, um colega argelino, que me emprestou a arte de confecionar a verdadeira batata frita. E o milagre aconteceu. Tornei-me especialista em batata frita. Quando dava a provar as minhas batatas, umas vezes estaladiças, outras vezes aromatizadas, caramelizadas ou insufladas, Jamal referia sempre que para cozinhar é preciso criar emoção. Não basta ter o ápice mais perfeito da sabedoria. Cozinhar é um raro momento de epifania e uma forma inspirada e iluminante de juntar elementos genuinamente diferentes.
30 anos mais tarde e depois de Jamal me ter ensinado a fritar batatas, tornei-me proprietário e
Chef do Restaurante Notas de Degustação num bairro histórico de Lisboa. Ainda hoje tenho saudades daquele nostálgico bistro.
Especialidades gastronómicas concebidas e desenvolvidas por Arnaldo Rivotti:
- Azeite Kosher para Pessah “Abraão Zacuto” certificado pelo Rabin Eliezer di Martino – Coleção Tesouros Judaicos
- Trufas de Chocolate e Castanha – Coleção Tesouros Templários
- Vinho biológico “Gualdim Paes” – Coleção Tesouros Templários
- Chocolate com especiarias “Capítulos” – Coleção Tesouros de Castillo
- Vinho Syrah – Coleção Tesouros de Castillo